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Servidores e reeducandos da Colônia Penal Agrícola das Palmeiras participam de Círculo de Paz

O estigma de má sorte de uma sexta-feira 13 foi quebrado no Centro de Ressocialização Agrícola das Palmeiras, no Distrito de Santo Antônio de Leverger (35 km de Cuiabá). É que nessa data, oito facilitadores do Núcleo Gestor de Justiça Restaurativa (NugJur) do Poder Judiciário de Mato Grosso (PJMT) promoveram Círculos de Construção de Paz. Foram três turmas para 33 reeducandos da unidade penitenciária, e outra específica para 14 servidores da unidade.
 
Esse foi o segundo encontro na colônia penal das Palmeiras, que recebe presos que já cumpriram 1/6 da pena ou 2/5 (em caso de crimes hediondos) e tenham perfil agrícola – para os que atuaram ou quererem trabalhar com a agropecuária. Atualmente, o Centro tem capacidade para 40 reeducandos.
 
A facilitadora Ana Tereza Pereira Luz afirma que o Círculo de Paz voltará à unidade uma vez por mês até dezembro. E diz que dessa vez, os servidores do Sistema Prisional puderam passar pela vivência e todos os envolvidos tiveram oportunidade de falar e expor as dificuldades e desejos para melhorarem. “Nosso trabalho é em função do ser humano, que mesmo tendo cometido algum dano para alguém não deixa de ser um ser com valores e a gente trabalha esses valores nessas pessoas que estão em recuperação”, explica.
 
“Já para os servidores nosso trabalho é voltado para fortalecimento de equipe para que consigam melhorar o relacionamento, se tratarem de maneira respeitosa e também tratar aos reeducandos da colônia de forma respeitosa como ser humano”, completa a facilitadora Ana Tereza.
 
O diretor da unidade prisional, Pedro Marques, participou da turma voltada a servidores e acredita que é um bom momento para refletir sobre o trabalho que exercem e de que forma podem melhorar, tanto na profissão quanto na vida pessoal. “Nossa atividade acaba nos tornando pessoas mais endurecidas, e esse método vem para termos um olhar mais humanizado com o outro. Acho que a relação entre os colegas de trabalho tende a ser mais harmoniosa”, analisa.
 
O reeducando S.D.A, de 56 anos, cumpriu dois anos e nove meses de detenção na Cadeia Pública de Peixoto de Azevedo (691 km ao norte de Cuiabá). Há três meses chegou à agrovila, diz que o local, cheio de árvores, animais e ar puro que permite contato direto com a natureza funcionou como terapia. “Vim do regime fechado e quando cheguei aqui nem acreditei. Não é que temos regalias, estamos presos, mas só de não estar naquele ambiente de uma cadeia, já ajuda a ter pensamentos melhores”, confessa. “A roda de conversa é uma oportunidade para pensarmos no erro que cometemos e de que forma fazer para quando conquistarmos a liberdade não voltarmos a falhar. Podemos repensar a vida”, completa sobre o Círculo de Paz.
 
Outro participante da dinâmica foi o reeducando D.P.G., 60 anos, transferido do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Juína (735 km a médio-norte da Capital). Lá ficou encarcerado por dois anos e meio. E já está na colônia penal há dois anos e quatro meses. Ao falar que a dinâmica permitiu se reconectou com o homem que era antes da prisão, lembrou da família que está distante, ficou com os olhos marejados de lágrimas. “Tipo de ação que nos leva a refletir coisas que a gente tenta soterrar dentro da gente, pois estamos em situação de preso. Começamos a olhar para dentro da gente, para que a situação de detento não seja algo que te amarra e te afasta de tudo que a gente gosta”, diz emocionado. “Minha família é tudo para mim e esse Círculo de Paz me fez rever aquela pessoa que era antes de ser preso e me deu esperança de ser de novo essa pessoa. Um pai, um avô, um nadador, amante da natureza, voador de parapente, um professor apaixonado por lecionar e que sonha”.
 
Além de Ana Tereza participaram do trabalho no Centro de Ressocialização Agrícola das Palmeiras os facilitadores, Rosidei Taques, Roseli Coelho Barreto, Natalia Pereira Antunes, Elvis Dourado, Alcedina Arruda Alves, Marli Kapteinat e Sandra Félix
 
O Círculo de Paz é desenvolvido pelo Núcleo Gestor da Justiça Restaurativa (Nugjur), presidido pela desembargadora Clarice Claudino da Silva, cujo coordenador é o juiz Túlio Duailibi Alves de Souza e a coordenadora do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec), juíza Cristiane Padim.
 
Alcione dos Anjos
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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16/09/2019 09:55